Intervenção fisioterapêutica durante o pré-natal

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No campo da Obstetrícia o fisioterapeuta tem ocupado uma posição importante, pelo menos, desde 1912, quando a fisioterapeuta Dra. Minnie Randell juntamente com o obstetra Dr. J. S. Fairbain desenvolveram o conceito de “Obstetrícia Preventiva”, num hospital em Londres. Nessa época as mulheres permaneciam cerca de 3 (três) semanas no leito em repouso absoluto e contínuo após o parto. Randell e Fairbain, então, criaram um programa de exercícios no leito, auxiliando a recuperação física no pós-parto e ensinando o repouso através do relaxamento, evitando assim a imobilização constante no leito (POLDEN e MANTLE, 2000).

O trabalho do fisioterapeuta durante o período gestacional deve ser desenvolvido no sentido de conscientizar a gestante da sua postura e de desenvolver a potencialidade dos seus músculos para que se tornem atos a conviver com as exigências da gravidez e do parto (BARACHO, 2007).

 Durante esse período, o fisioterapeuta tem como metas gerais; aumentar a perceção correta da mecânica corporal; preparar os membros superiores para as demandas de cuidados ao bebé; manter a função abdominal e prevenir ou corrigir patologia da diástase dos retos; promover uma maior perceção corporal; preparar os membros inferiores para as demandas do aumento no peso causadas por distúrbios circulatórios; melhorar a capacidade de relaxamento; promover ou melhorar o controlo da musculatura do assoalho pélvico; e informar sobre as mudanças que ocorrem na gravidez e no parto (BIM et al., 2002).


Antes de começar um tratamento fisioterapêutico numa gestante é necessário que seja feita uma anamnese criteriosa, para que seja coletados o histórico ginecológico, a queixa principal, os sinais vitais da paciente. É importante saber o período gestacional da grávida, para que a conduta do fisioterapeuta seja adequada e sem maiores riscos. Pois, no primeiro trimestre existe algumas restrições, quanto a fisioterapia, visto que, a placenta ainda não se encontra formada no feto. Para saber a idade gestacional, cuja contagem é por semanas, deve-se calcular a data provável do parto acrescentando-se o número sete ao primeiro dia da última menstruação subtraindo três algarismos do mês (PINHEIRO, 2009).


De acordo com Baracho (2007), após a anamnese, deve ser realizado o exame físico, cujo objetivo é identificar, na gestante, alterações musculoesqueléticas que possam estar associadas à ocorrência de dores, e verificar a presença de alterações nos sistemas circulatório e respiratório, bem como avaliar as mamas. O exame poder ser feito tanto estática quanto dinamicamente, com a paciente despida parcialmente. O exame estático deve ser feito nas posições ortostática, sentada e em decúbito dorsal, estando a paciente na postura habitual, relaxada, como fica normalmente.

Na posição ortostática é essencial avaliar a postura da gestante tanto na posição anterior, posterior e lateral. Na vista anterior pode-se observar: a posição da cabeça, nivelamento dos ombros, simetria das articulações sacroilíacas, altura e rotação das articulações dos membros superiores, posição do umbigo, altura dos pontos altos das cristas ilíacas, nivelamento das espinhas ilíacas anteriores superiores, posição das patelas e dos joelhos (valgos e varos), rotação da tíbia em relação aos joelhos, posição dos maléolos médias e laterais, forma dos arcos longitudinais e mediais dos pés. Na vista lateral pode-se observar, a posição da cabeça em relação ao plano sagital, rotação dos ombros, as curvaturas da coluna vertebral, posição da pelve, altura das espinhas ilíacas anteriores e posteriores e o alinhamento do joelho. Na vista posterior observa-se novamente a posição da cabeça, nivelamento dos ombros, simetria e das articulações sacroilíacas, altura e rotação das articulações dos membros superiores, posição dos maléolos mediais e laterais, forma dos arcos longitudinais e medias dos pés, comparando com os achados anteriores. Pode -se averiguar também o nivelamente das espinhas e ângulos inferiores das escápulas, a distância das bordas mediais da escápula, alinhamento da coluna no plano coronal (presença ou não de escoliose), nivelamento dos glúteos e das espinhas ilíacas posteriores superiores, simetria dos poplíteos e angulação dos calcanhares em relação ao solo (BARACHO (2007).

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O autor acima referido aborda que, para avaliar a posição sentada, a gestante deverá estar sentada com os pés apoiados, mas com as costas sem apoio, e o terapeuta observa a postura da paciente na vista anterior, posterior e lateral. Nesta posição é possível avaliar as mamas; simetria, protusão dos mamilos, e presença de nódulos e outras alterações.

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Em decúbito dorsal pode-se observar, a posição da cabeça, rotação dos ombros, as curvaturas da coluna vertebral, rotação dos quadris pelo posicionamento dos pés. Também, é possível avaliar, a separação dos músculos abdominais na linha alba (BARACHO, 2007).

No exame dinâmico, avalia-se a paciente realizando uma flexão anterior, extensão (onde a paciente é solicitada a hiperestender a coluna), flexão lateral (devendo ter sempre em consideração que a gestante apresenta uma limitação fisiológica decorrente do aumento abdominal) e rotação, a fim de testar limitações de movimento e suas possíveis causas como, a dor e rigidez (Ibidem)

Por conseguinte, deve ser realizada a avaliação neurológica, onde deve ser constatado se existem queixas de parestesia, dor irradiada e alteração na força muscular; avaliação muscular, avalia-se principalmente, os músculos que atuam na pelve, quadril e coluna lombar. Também, deve ser feita a palpação, que é fundamental, quando a paciente apresenta algum comprometimento específico, nela o terapeuta observa as diferenças de tensão e textura dos tecidos, espasmos musculares, trofismo muscular e presença de sinais inflamatórios (Ibidem).

E, finalmente, a avaliação funcional, o terapeuta pode realizá-la analisando as tarefas e atividades que a paciente exerce. Dentre das atividades funcionais, é importante que a marcha seja avaliada, pois a atividade de caminhar requer um funcionamento perfeito da região lombar, pélvica e do quadril. Deve-se lembrar que a gestante apresenta alterações na marcha típicas da gravidez (base de sustentação alargada), por isso, o fisioterapeuta deve ter sempre cuidado em diferenciar o fisiológico do patológico (BARACHO, 2007).

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